Com gasolina cara, as motos ganham cada vez mais o mercado

A constante elevação do preço do combustível tem levado motoristas a trocar o carro pela motocicleta; outros investem na instalação do kit de gás natural veicular

 (Professor Maurício Sanchez conta que já está há quatro meses com sua motocicleta elétrica e não sentiu impacto na conta de luz - Foto: Iago Albuquerque)(Professor Maurício Sanchez conta que já está há quatro meses com sua motocicleta elétrica e não sentiu impacto na conta de luz – Foto: Iago Albuquerque)

Econômicas, velozes e práticas as motocicletas têm sido uma saída para os brasileiros que querem fugir dos elevados preços dos combustíveis. Manaus é detentora de 64% da frota deste tipo de veículo no Estado e, de acordo com o Departamento de Trânsito do Amazonas (Detran-AM), nos últimos dois anos, superou em 18,5% o número motos emplacadas em 2019, ano pré-pandemia quando 203,7 mil motocicletas foram licenciadas.

Após consecutivas altas na gasolina, vendida em média a R$ 6,59, as motos são opção, principalmente, para quem tem a economia como principal rota. O universitário, Franciedson Júnior, por exemplo, casou a poucos meses e começou a reunir as finanças junto a esposa para adquirir um veículo. Após avaliar o custo-benefício, mesmo à revalia dos pais – que temem os acidentes de trânsito, ele optou pelo consórcio de uma moto que, de acordo com ele, além de custar menos, facilita a locomoção no trânsito da cidade e reduz gastos com gasolina. 

“Claro que a moto é perigoso, mas o carro você gasta muito mais do que você iria gastar com uma moto. A moto é mais pela praticidade e rapidez no trânsito e pela economia que ela te dá, justamente por causa do preço da gasolina. E uma coisa que pesou muito na troca do carro pela moto foi o tempo gasto no trânsito que a moto é mais rápida e mais prática  e também pelo fato de economia na gasolina. A gasolina tá muito cara e foi uma coisa que pesou muito na minha escolha”, esclareceu. 

Produção

Os números que refletem no emplacamento, chegam também nos indicadores do Polo de Duas Rodas. A Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo) registrou o maior índice de produção dos últimos 6 anos. Entre os meses de janeiro a novembro  1,1 milhão de motocicletas saíram das linhas de produção do Polo Industrial de Manaus (PIM), um crescimento de 25,9% de aumento em relação a 2020, quando foram produzidas 888 mil unidades. 

As scooters foram os modelos com desempenho mais surpreendente nas vendas com uma média diária de saída de 5,5 unidades. Uma delas foi para as mãos do jornalista Maurício Sanchez. Cansado dos problemas com apps de transporte, onde gastava até R$ 900 por mês, e com uma carta de crédito nas mãos para escolher um veículo, ele escolheu uma scooter elétrica.

“Eu estava tendo muita dor de cabeça com os aplicativos e eu tinha uma carta de crédito no banco para a compra de um automóvel. Só que eu achei que não era o momento oportuno para que eu pudesse comprar um carro devido o aumento do valor da gasolina, os carros hoje tanto os usados, quanto os novos estão absurdamente mais caros e eu tinha que pensar não só nas  parcelas, mas também na manutenção e nos impostos que este veículo poderia me ocasionar”, contou. 

Alternativa

Para quem não abre mão  do carro e acha que não é  mais viável usar a gasolina nem o álcool, a opção é o gás natural veicular (GNV) que em outubro ultrapassou pela primeira vez os 21 mil metros cúbicos de consumo por dia (m³/dia), alcançando pelo sétimo mês consecutivo o recorde de consumo dos produtos da Companhia de Gás do Amazonas (Cigás). 

Boa parte dos consumidores de GNV chegou ao produto por para tentar economizar no combustível como o motorista de aplicativo Luzenir Souza Lima, que há dois meses aderiu ao uso. De acordo com ele, apesar do alto preço para adquirir o kit de instalação no carro, em média R$ 5 mil, o investimento tem valido a pena, pois a economia na hora de abastecer foi cerca de 60%. 

“Optei justamente pelo preço. Estava impossibilidade de gente trabalhar com isso é o lucro foi lá para baixo. Apesar de ser caro e acho que o governo deveria incentivar mais o GNV já que a gwnte que empreender. Gastei R$ 5 mil mas ja esta numa faixa de R$ 6 mil, porque aumenta a procura e preço aumenta. Por dia eu gastava R$ 150, hoje eu coloco em torno de R$ 90”, disse o motorista. 

Com este desempenho, a comercialização do combustível acumula alta de 28,59% nos primeiros 10 meses do ano, no comparativo com o mesmo período de 2020. Em relação ao mês anterior (setembro), a variação foi de 6,6% e quanto a outubro do ano passado, a alta foi ainda mais considerável, chegando a 59%.

O preço da gasolina comercializada nos postos inclui taxas e margens de lucro dos distribuidores. Segundo dados oficiais, a gasolina ao consumidor aumentou 48,5% em 2021, e oscila atualmente entre R$ 6,40 e R$ 7,20  por litro. Já o diesel subiu 46,5%, com preços variando entre 5,10 e 5,70 reais por litro.

Em todo o Brasil, de janeiro a novembro de 2021, segundo dados da Abraciclo, 1.043.711 motocicletas foram licenciadas. O que representa um aumento de 27,8% na comparação com o mesmo período do ano ano anterior. A moto com maior volume de emplacamentos foi a Street, com 507.680 unidades de janeiro a novembro.  Volume  24,3% superior ao mesmo período de 2020.

Projeção

Presidente Abraciclo, Marcos Fermanian, avalia que a produção este ano irá crescer. “O volume de motos produzido poderia ser ainda maior mas as linhas de produção ainda operam com redução para atender os protocolos sanitários. Além disso, deixamos de produzir 100 mil unidades no primeiro trimestre devido à segunda onda da pandemia em Manaus. O mercado deve continuar aquecido devido a fatores como a utilização da motocicleta em serviços de entrega, opções de deslocamento diário e o preço elevado dos combustíveis.  Em 2022 ainda há incertezas em relação ao crescimento da economia, além de ser um ano eleitoral. São fatores muito relevantes para estabelecer os planos do próximo ano. Ainda não temos os dados da produção planejada pelos associados mas acreditamos que irá registrar um crescimento”.

Moto elétrica

Em busca do ‘boom’ do mercado de motocicletas Voltz, fabricantes de motos elétricas, vai iniciar sua produção na nova fábrica da Zona Franca de Manaus (ZFM) no primeiro trimestre de 2022. Apostando  na tecnologia e com a vantagem de produzir a primeira moto smart do Brasil, o sócio da Voltz  Manoel Fonsêca ressalta que o gasto com energia elétrica é mínimo.  

O que ainda impede o brasileiro de adquirir um veículo elétrico?

Em geral, o consumidor ainda não conhece tão bem o veículo elétrico. Por isso, possui insegurança para realizar a compra. Mas como sempre falamos aqui na Voltz: “Se andar, compra”.

Quantos empregos a fábrica de Manaus deve gerar? E quantas motos devem ser produzidas em Manaus?

Com investimento de R$ 54 milhões, a fábrica da Voltz deverá gerar aproximadamente 200 novos postos de trabalho. A fábrica terá a capacidade de até 15 mil motos por mês.

Com o aumento dos combustíveis a motocicleta elétrica tem sido mais procurada? Ela é uma opção para quem quer economizar mesmo com a energia elétrica mais cara?

Sim, a busca pelas motos elétricas tem se intensificado nos últimos meses. E as motos elétricas continuam como uma das melhores opções para quem deseja economizar com mobilidade urbana, pois o gasto para abastecimento é muito pequeno. Por exemplo, para carregar totalmente uma bateria da Voltz, o gasto de energia gira em torno de R$ 1 a R$ 3.

Consumo

O professor Maurício Sanchez adquiriu uma moto elétrica.  “Tenho duas  baterias. Eu coloco para carregar cada uma, ela carrega quatro horas e ela equivale ao (tempo que) eu  (levo para) carregar o meu celular. Já estou há quatro meses com a motoca e eu não senti o impacto na conta de energia. Muita gente me parava e perguntava: aumentou tua energia? Não, não aumentou. Não senti impacto algum na conta de energia. Com relação  aos transportes por aplicativos: a economia com relação à mobilidade de tempo, mobilidade urbana, a questão da energia limpa, não emite gases poluentes. Já fiz quarenta e sete quilômetros na moto. Eu ando pra todos os lugares possíveis e quando eu preciso carregar, carrego  e está tudo okay e eu estou muito feliz”, disse.

Fonte: https://www.acritica.com/com-gasolina-cara-as-motos-ganham-cada-vez-mais-o-mercado-1.2911

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